Lagoa da Torta: “Oásis do Sertão” abriga curiosidades e requer mais estudos

Semana passada fizemos uma visita a um local que impressiona pela beleza e peculiaridades que aguçam a curiosidade de muita gente: a Lagoa da Torta. Fomos acompanhados do geólogo ourobranquense Arnóbio Souza, da geógrafa Dra. Mycarla Lucena e dos pesquisadores José Fabrício e Francisco Segundo.

O que mais impressiona no “Oásis do Sertão” é a forma geométrica do lugar, citada em alguns blogs anteriormente, como sendo um geoglifo. Veja o que diz o geólogo acima citado a respeito da Lagoa da Torta: “Fazendo uma breve análise multitemporal (2002-2016) de imagens do Satélite DigitalGlobe, através do aplicativo Google Earth Pro, percebe-se que existe uma forma geométrica de formato circular com raio 130 metros e aproximadamente 5,3 hectares nas proximidades da Fazenda Tapuio. Essa forma tem características de uma plantação por irrigação, chamado de Ponto de Pivô (Pivô Central). Já a Lagoa da Torta tem um formato semicircular de 676 x 480 metros e está localizada a aproximadamente 1750 metros da área em formato circular que antes acreditava-se ser a Lagoa da Torta”, afirmou.

Para nossa surpresa, o geólogo descobriu também que a Lagoa da Torta está dentro dos limites do município de Ouro Branco: “Tanto a lagoa da Torta quanto a forma geométrica (Pivô Central) estão no território de Ouro Branco/RN conforme os limites do IBGE 2015 e da Carta Topográfica da SUDENE 1976”.

Algumas considerações da Geógrafa ourobranquense Mycarla Lucena

Segundo a geógrafa ourobranquense Mycarla Lucena, doutora em Meio Ambiente e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Lagoa da Torta é um ecossistema aquático importante para a região do semiárido. Apesar da relevância para as atividades de subsistência para o sertanejo, constitui um ambiente que abriga uma riqueza de espécies da biota local. Como exemplo, podemos destacar a existência de diferentes espécies de aves, macrófitas aquáticas (flora aquática). Essas áreas constituem um refúgio para as espécies, vegetais e animais, e apresentam um papel fundamental para a sobrevivência. Além disso, por se tratar de um ambiente úmido, contribui para o clima local.

Dessa forma, apontamos que esta lagoa é importante para o município, merecendo assim estudos para a sua conservação. O Ministério do Meio Ambiente, enfatiza que a ausência de estudos em lagoas representa uma perda de paisagens que tem conseqüências graves para a manutenção da biodiversidade (MMA 2002). Ainda destacamos que por lei, as lagoas são Áreas de Preservação Permanente, e assim, devem ser protegidas.

É do interesse desses pesquisadores, juntamente com o historiador Lenilson Azevedo e de José Fabrício e Francisco Segundo, promover estudos mais aprofundados, com participação das instituições do município que possam contribuir para a produção de mais conhecimentos a respeito da Lagoa da Torta.

Queremos aqui registrar os nossos agradecimentos aos conterrâneos pela valiosa contribuição para a nossa história!

Fonte: Lenilson Azevedo