O acumulado de chuvas nos primeiros meses do ano não foram
suficientes para retirar todas as cidades do Rio Grande do Norte da
situação de seca severa. Faltando 22 dias para acabar o mês e a quadra
chuvosa no semiárido – que vai de fevereiro a maio – 15 cidades de duas
microrregiões permanecem em situação seca ou muito seca, de acordo com
dados da Unidade de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do
RN (Emparn). Todas as cidades nesse cenário estão com abastecimento
comprometido, 14 em rodízio e uma em colapso, de acordo com a Companhia
de Águas e Esgotos do RN (Caern).
O prognóstico pode ser pior para a população desses municípios quando
se observa a previsão, que é de pouca chuva para os próximos dias. O
chefe da Unidade de meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot, explica que
somente um fenômeno imprevisto poderia mudar a situação de seca severa
que se encontram as cidades.
As cidades onde menos choveu estão localizadas nas microrregiões
Seridó Oriental e Serra de São Miguel e são elas: Currais Novos, Acari,
Cruzeta, São José do Seridó, Carnaúba dos Dantas, Santana do Seridó, São
Miguel Encanto, Doutor Severiano, Coronel João Pessoa, Venha Ver, Luis
Gomes, Major Sales, Riacho de Santana e Água Nova. De acordo com o Censo
de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE),
131.459 pessoas residem nesses municípios.
O chefe de meteorologia alerta que apesar de boas chuvas no Estado,
essas duas regiões necessitam de uma “atenção especial” por parte do
governo. “Elas preocupam pelo baixo aporte de chuvas. Ainda pode chover,
mas teria que ser uma quantidade que não caiu durante todo o inverno”,
analisou Bristot, que avalia o período de chuva como “bom”. “No geral
satisfaz os mananciais hídricos e condição agrícola”, disse o
meteorologista.
Em comparação com a microrregião em que mais choveu no RN, a de
Umarizal, a microrregião Seridó Oriental, onde está o município de
Currais Novos, teve um volume de chuvas três vezes menor: 2.037
milímetros contra 7.760 milímetros. É na microrregião de Umarizal onde
estão as duas cidades com maior volume de precipitações, Martins e
Frutuoso Gomes, com 1.382.8 milímetros e 1.069.0 milímetros entre
janeiro e 10 de maio, respectivamente. “Não há explicação para esse
acúmulo diferente nessas cidades”, esclarece Gilmar Bristot.
Nas cidades com poucas chuvas também estão localizados os
reservatórios que se encontram em situação pior que a de 2017. O
reservatório Marechal Dutra, também conhecido como Gargalheiras, no
município de Acari, que está com apenas 0,10% da sua capacidade total,
que é de 44,421 milhões de metros cúbicos. Outro açude na mesma condição
é o Dourado, em Currais Novos, que está seco e, no ano passado, estava
com 10% de sua capacidade.
Nas outras cidades, as chuvas foram favoráveis e o volume acumulado
nos reservatórios de água do RN já supera a meta estipulada pelo
Instituto de Gestão das Águas (Igarn), que previa uma recarga entre 20% e
30% nos volumes dos mananciais durante a temporada de inverno no
semiárido potiguar. O Relatório da Situação Volumétrica divulgado na
terça-feira (8) mostra que as reservas hídricas já atingem 1.385.100.815
m³, o que corresponde a 31,45% dos 4,404 bilhões da capacidade dos 47
reservatórios com mais de 5 milhões de metros cúbicos monitorados pelo
Igarn. No último relatório, do final de abril, o volume dos
reservatórios estava em 30,41%.
Fonte: Marcos Dantas
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